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A alma é gêmea, parecida, tem semelhanças, mas, não é igual, não é cópia, papel carbono, com as mesmas ideias, nem mesmo com a mesma força de amar. Nenhuma alma é gêmea, e nem por isso não existe, nem mesmo
subsiste na nossa forma de pensar, porque não é o reflexo de um espelho do destino, nem mesmo está esperando a nossa chegada, a nossa entrada repentina em um bar, em uma virada de esquina, ou no apresentar de alguém.

Gêmeos são duplicados, mas, diferentes, nascidos em tempos entre si,
distantes, mesmo que infinitesimais. Possuem gostos diferentes, pelas cores, pelas roupas, pelos brinquedos. E nem sempre formam um par equidistante, formal, que se completa, que se deva viver sempre próximo, colado, pregado,
dividindo coisas em comum.

Não se procura uma alma gêmea, até porque sendo alma, inerte, feita de luz, imaginária, as almas não se procuram, porque são almas, puras e não viventes do viver físico.

Almas gêmeas são figuras físicas, podendo ser um amigo, uma amiga, um companheiro momentâneo de viagem, um conhecido que nos faça rir, um encontro em uma fila, um bate-papo informal. E como almas são assim, fugazes, momentâneas, podem se dar por um dia ou por toda a vida, nada além da eternidade, e na eternidade quem sabe, as almas sejam gêmeas, de verdade.

Quem procura almas gêmeas encontra infelicidade, e não percebem que as almas gêmeas vêm em nosso socorro sem que saibamos. No desconhecido que nos ajuda em um escorregar na calçada, no vizinho que acode nossos gritos, naquele que nos cede um lugar, ou nos oferece uma ajuda sem pensar, apenas com o prazer, este de alma, de nos ajudar.

É muitas vezes o amigo que para, para nos ouvir, consolar, indicar caminhos, e depois de algum tempo, ele some, se esconde no seu endereço, nunca mais é solicitado, e guardamos dele o endereço, o telefone e, algumas vezes, a saudade, e nos faz pensar: o que aquele anjo que nos guardou faz agora?

Não se procura a alma gêmea como a felicidade. Não encontramos a felicidade, ela nos encontra, nos momentos de sorte, de alegria, como devem ser os momentos de felicidade, surpresos, não cotidianos. Na alegria do primeiro beijo, do primeiro encontro, na troca de olhares, do aperto de mão entusiasmado e no abraço que concedemos sem vergonha, no meio da rua, apenas externando que a alma gêmea está ali, agora, e, de repente, não encontraremos mais, e encontraremos outras almas; igualzinho à felicidade.

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