Se quero um amor, por mais maduro que seja, que se encontre conquistado no lado extremo da vida, o bolo da cereja de uma vida vivida, curtida, nutrida em cada um dos amores que passaram por mim.

O amor maduro é fruta que se colhe sem sustos, é a mata que se escolhe onde se quer madrugar.

É noite sem desatino, é beijar com o destino prolongando por mais tempo a vontade de amar. Algumas vezes, é coisa briguenta, é um muxoxo com a boca, é uma teimosia bem louca, de não se deixar ceder o terreno onde por tanto tempo a gente teima em ficar.

Não é um amor embrutecido, esse amor da idade, é mais escolha, não vaidade, de saber que o tempo, essa coluna imbatível que nos assusta e nos impede na vida continuar, enfim é chegado. E o mais importante é curtir cada
dia como se fosse o último, não que este último seja solidão, o final de tudo, mas que signifique, ao contrário, um recomeço, um acordar diferente.

Ele é mais sóbrio, mas não sombrio, diferente do jovem, esse ser tão altivo, que acha que a eternidade pertence somente a ele e a mais ninguém. Este amor tão jovem parece um dia de sol que nunca vai se acabar. Mas a
sombra, ao contrário, não é assustadora, ela é uma forma de se esconder, e que o som dos beijos apenas flutue, porque até o som dos beijos a gente aprende a apreciar.

O tempo, quando avança, parece um cobertor de criança que a mãe põe para dormir. Parece solitário, é mais recôndito, calado, e somente entre quatro paredes, é que quer remoçar.

Esse amor maduro é envergonhado, é tímido, de carícias rápidas ao ar livre, resguardado o recato, que se transforma em arte, longe de todos, no silêncio de um quarto. É mais conversado, mais passeado, mais vagaroso, mas nem por isso é menos fogo do que os outros amores têm.

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