A primeira vez que tive contato com a palavra atentado foi quando minha mãe tentava me alcançar com um chinelo para me fazer descer de uma árvore,
onde eu e meu primo balançávamos, perigosamente, um galho, sem ter a menor noção do perigo.
Depois disso, havia, entre nós, garotos atentados, uma espécie de orgulho, de matreirice, de viver intensamente a infância.
Lendo a palavra nos jornais, hoje, e nos últimos tempos, penso que o horror da palavra está mais no medo, na acusação, e, principalmente, na particularização do termo. Atentados são muitos, e não as atitudes criminosas de um grupo, levados pela ideologia.
De posse de atitudes de atentado, a humanidade está cheia deles, de fato, e em potencial, de origem na Natureza, ou de origem na irresponsabilidade, e na ganância.
Muçulmanos radicalizam sua crença, com a intenção de fazê-la suprema pela supressão do direito do outro, e, de fato, a concretizam. Está no potencial,
quando difundem pelas redes sociais, a modernidade da fofoca, dessa vez com respaldo nos compartilhamentos, nas mentiras, e nas mensagens, nem tão
subliminares de preconceitos raciais e sociais. Na origem da Natureza, porque ela também é atentada, dos tsunamis, vulcões, tempestades, inundações. E
aquelas na irresponsabilidade e na ganância, que chega ao ponto de matar, amargamente, um rio que tinha doçura no nome e na placidez com que corria
rumo ao mar. São, aqueles que os cometem, terroristas em grau não tão midiático.
Os militantes do estado islâmico tornam, de uma maneira mais contundente, o horror de ser atentado, quando escolhem uma cidade símbolo para o Ocidente, o palco para sua barbárie. Mas não nos esqueçamos dos atentados que impomos e sofremos em nosso país, em nosso continente. Não se trata de mensurar um ou outro: todos são horríveis, e é importante que não nos esqueçamos deles.
Quanto à Natureza, ela segue o seu curso, porque como disse Montesquieu: “Um rio não existe para estar a serviço do Homem, isso é uma pretensão do ser humano”. Ele está lá, vivendo a sua vida e o seu curso, mexer com ele, permite que a Natureza se vingue. Assim como mexer com a natureza
das culturas traz motivos para a vingança. A resposta aos atentados também é uma outra barbárie, que levam a outras.